Texto: Ana Ornelas | Fotos: Olhos no Futuro
No próximo dia 12 de setembro, sexta-feira, a Biblioteca Central da Unicamp recebe o lançamento do livro “Princípio Educativo e Práticas Extensionistas do Programa Olhos no Futuro”. Criado em 2018, o programa Olhos no Futuro nasceu de uma vontade de “humanizar a engenharia”, como destacou o professor Luiz Carlos Pereira da Silva, docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação (FEEC) da Unicamp e um dos organizadores do livro. As primeiras atividades aconteceram em parceria com a Escola Estadual Telêmaco Paioli Melges, que foi a primeira instituição a abrir espaço para o desenvolvimento das práticas.
Desde então, o Olhos no Futuro envolveu mais de 100 estudantes universitários em ações que beneficiaram cerca de mil crianças, adolescentes e jovens da rede pública, além de ter capacitado aproximadamente 200 estudantes de graduação e pós-graduação em disciplinas extensionistas. Hoje, o programa está presente em 14 unidades da Unicamp e conta com cerca de 60 integrantes, entre docentes, pesquisadores, bolsistas e voluntários.

A professora Danúsia Arantes Ferreira, pós-doutoranda na FEEC e também organizadora da obra, explicou que o caráter multidisciplinar do programa é um de seus pontos mais marcantes. “A iniciativa se apoia em fundamentos da educação emancipatória de Paulo Freire e dá autonomia para que cada unidade conceba projetos em sua área de conhecimento. Esses projetos se articulam entre si e se conectam diretamente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, especialmente o ODS 4, sobre educação de qualidade; o ODS 7, que trata de energia limpa e acessível; o ODS 8, voltado para trabalho decente e crescimento econômico; e o ODS 17, que valoriza as parcerias e meios de implementação”, afirmou.
Ela ressaltou ainda que o programa foi capaz de captar bolsas de extensão e pesquisa, ampliando as possibilidades de participação estudantil e garantindo a continuidade das atividades. Na avaliação de Luiz, o programa também se fortaleceu por não restringir suas práticas ao espaço escolar. “Trouxemos os alunos da rede pública para dentro da universidade, como no caso das Jornadas Olhos no Futuro”, contou.
Os nove subprojetos são: CANAlise, Desembalando, Energizar, Nosso Busão, ReciclaMENTE, SustentavelMENTE, Águas do Ribeirão Quilombo e um nono sobre Dignidade Menstrual.

Sobre a publicação, Danúsia lembrou que o livro é fruto de um processo coletivo que reuniu 48 autoras e autores, e cada capítulo foi construído a partir de práticas, reflexões e relatos de experiências acumulados na trajetória do programa. Para ela, mais do que um registro, a obra busca inspirar novas práticas e reafirmar a extensão como princípio educativo fundamental na universidade.
A professora Roberta Ceriani, docente da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) e igualmente organizadora, enfatizou que o Olhos no Futuro contribui diretamente para a tríade universitária de ensino, pesquisa e extensão. “A proposta se diferencia pela inovação pedagógica e pelo esforço em adotar uma linguagem mais acessível, que permite dialogar com públicos diversos”, explicou. Ela acrescentou que o acolhimento e a permanência estudantil também são dimensões fundamentais do trabalho desenvolvido, pois fortalecem o vínculo entre a universidade e a comunidade.