Fórum Permanente discute arqueologia do contemporâneo e estudos de cultura material na Unicamp

Texto: Ana Ornelas | Fotos: Divulgação

A Arqueologia é definida como o estudo do passado a partir de seus vestígios materiais. Mas e quando esses vestígios pertencem ao nosso próprio tempo? É dessa pergunta que parte o Fórum Permanente “Estudos de Cultura Material e Arqueologia do Contemporâneo”, promovido pela Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC) da Unicamp. O evento propõe discutir como objetos, resíduos, ruínas e memórias recentes podem revelar as transformações sociais e ambientais que moldam o século XXI. O debate será realizado no dia 21 de outubro, a partir das 9h, no Centro de Convenções da Unicamp.

De acordo com uma das organizadoras, Aline Vieira de Carvalho, o fórum surgiu do desejo de aproximar a arqueologia do cotidiano e ampliar o diálogo entre a universidade e a sociedade. “A arqueologia é uma forma de ler o mundo material em que vivemos. Ela nos ajuda a entender que o presente também deixa vestígios e que esses vestígios revelam modos de vida, disputas e transformações sociais”, explicou Aline.

Camilla Agostini, também organizadora, complementa que o evento é resultado de um grupo de trabalho que reuniu pesquisadores com diferentes experiências para investigar a relação entre arqueologia e contemporaneidade. “Passamos meses compartilhando dúvidas e descobertas sobre como fazer arqueologia no tempo presente. O fórum é uma maneira de socializar esse processo e mostrar que a ciência também é feita de questionamentos, de incertezas e de trocas entre áreas como história, antropologia, artes e políticas de memória”, destacou.

O evento conta com exposição dos coletivos Ateliê TRANSmoras e Turvo, que atuam na intersecção entre arte, moda e sustentabilidade.

Além de promover o debate interdisciplinar, o encontro também tem um papel formativo. “Queremos que alunos de diferentes cursos possam se aproximar da arqueologia e descobrir novas possibilidades de pesquisa. A arqueologia é, por natureza, uma ciência política. Ela nos mostra que o mundo em que vivemos é construído historicamente e, portanto, pode ser transformado”, afirmou Aline.

A programação inclui conferências, mesas temáticas e uma exposição dos coletivos Ateliê TRANSmoras e Turvo, que atuam na intersecção entre arte, moda e sustentabilidade. A mostra apresenta uma instalação de Transmutação Têxtil, desenvolvida pela artista Vicenta Perrota a partir de fragmentos de roupas descartadas pelo hemisfério norte e recolhidas no maior lixão de fast fashion do mundo, situado no deserto do Atacama, no Chile. 

A obra propõe uma reflexão sobre os impactos ambientais e sociais do consumo e transforma o gesto de costurar em um ato de resistência e reparação simbólica de corpos marcados pela exclusão, pelo racismo e pela transfobia. A atividade integra o Fórum em diálogo com a conferência de abertura “Transmutações Latinas: arqueologias têxteis, imagens precárias e o devir deserto para raquear memórias do impossível”, que aborda os vestígios do Atacama a partir de criações visuais e transmutações têxteis em rede latino-americana. 

A programação contará com a presença da pesquisadora Tânia Manuel Casimiro, da Universidade de Stirling, que compartilhará experiências sobre arqueologia do contemporâneo em contextos internacionais. Os debates e mesas temáticas abordam questões como arqueologia do lixo, patrimônio e mudanças climáticas, vestígios do Carandiru e do DOI-Codi, cerâmica popular, arqueologia marinha, abandono sênior e arqueologia do costume de fumar, reunindo pesquisadores e pesquisadoras em discussões sobre cultura material e práticas arqueológicas fora dos limites institucionais.

O evento é gratuito e aberto ao público. As inscrições podem ser feitas pelo link.

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