Texto: Ana Ornelas | Foto: Lethicia Galo
Durante nove dias, entre 22 e 30 de agosto, Campinas será palco de música, dança, circo, teatro, literatura e oficinas. Mais do que um festival de artes, o Crie como quem Luta, em sua edição latino-americana, promove trocas culturais e experiências coletivas que aproximam o público da produção artística contemporânea. Parte das atividades serão realizadas no CIS-Guanabara, Centro Cultural da Unicamp, vinculado à Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC). O festival acontece com apoio do edital ProAC, programa de incentivo cultural do Governo do Estado de São Paulo.
Criado pelo coletivo feminista Caju Cultura, o festival reúne artistas do Brasil e de países como Argentina, Chile, Colômbia e México. Segundo a coordenadora de Comunicação, Júlia Conterno, o evento vem se consolidando como um espaço de convergência entre arte e sociedade. “Nossa ideia é descentralizar o espaço onde a arte acontece. Queremos provocar encontros onde a criação artística dialogue diretamente com os territórios, com a universidade e com as pessoas”, contou.
No CIS Guanabara, serão promovidas atividades que evidenciam o caráter formativo, artístico e de reflexão crítica do espaço. Um momento de destaque será a conversa “Eu não sou sua mana”, com a produtora cultural Dani Scopin, no dia 29. Voltada a pessoas acima de 16 anos, a atividade convida a refletir sobre cultura, afeto e relações étnico-raciais. Para Júlia Conterno, essas debates sintetizam o espírito do festival. “É uma oportunidade para quem quer se atualizar na luta anti-racista.”

Completando a programação, a oficina “Vivência em Transmutação Têxtil”, conduzida por Vicenta Perrotta e pelo Ateliê TRANSmoras, no dia 26, propõe questionar padrões de consumo e ressignificar resíduos por meio da moda e da criação coletiva. Já em Peruíbe, o festival realiza uma edição especial de um único dia, em 6 de setembro, com destaque para o show “O Canto de Orquídeas”, que reúne a cantora Catalina Gil e o duo Laurie Oliveira e Marjô Mariano, ampliando ainda mais a presença feminina na música latino-americana.
Outro ponto relevante da programação é o “FeMinas: Encuentro Latinoamericano de Gestoras Culturales”, que acontece nos dias 23 e 24 de agosto, das 9h às 13h, na Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst. Organizado pela Red Internacional de Mujeres por la Cultura, em parceria com gestoras convidadas, o encontro busca ampliar vozes e práticas de mulheres na mediação sociocultural. Com vagas limitadas e inscrições gratuitas pelo site da Caju Cultura, o espaço se propõe a compartilhar experiências, dar visibilidade a criações e reforçar o papel fundamental das mulheres no desenvolvimento cultural da América Latina.

O encerramento acontece no Teatro Castro Mendes, no dia 30, com o show “A canção é urgente: Vozes LatinA-Americanas”, de Assucena, celebrando a força da música da região.
Para Julia, a diversidade de espaços amplia o alcance do festival e fortalece vínculos com diferentes públicos. “Cada edição é um exercício de ampliar fronteiras, seja geográficas, seja de linguagem. Este ano, conseguimos reunir artistas de cinco países e criar diálogos que ultrapassam os limites territoriais.”
A programação completa, assim como as inscrições para as oficinas, podem ser feitas através do link.
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