Texto: Ana Ornelas | Revisão: Felipe dos Santos | Fotos: José Irani
Neste primeiro semestre de 2025, o Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) lançou a primeira edição do Jornal dos Estudantes (JOE), um projeto de extensão idealizado pelas professoras Juliana Meres Costa, Carolina Molinar Bellocchio e Simone Rodrigues Vianna Silva. A iniciativa contou com apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (ProEEC), por meio do 2° Edital dos Colégios Técnicos da Unicamp, realizado no ano passado.
Fruto de um trabalho coletivo entre alunos e professores, o jornal impresso nasceu com o objetivo de promover o protagonismo estudantil, estimular o interesse pelos gêneros jornalísticos e aproximar as comunidades interna e externa da realidade do Cotuca. Por isso, a tiragem foi distribuída em escolas da região, prefeituras de cidades vizinhas a Campinas e cursinhos populares que preparam os alunos para o vestibulinho.
A ideia inicial partiu da professora Juliana Meres Costa, formada em Jornalismo e Letras pela Universidade de São Paulo (USP), que trouxe ao Cotuca a inspiração de projetos de extensão vivenciados durante sua graduação. “Sempre quis fazer um jornal impresso, de circulação interna, que tivesse esse viés de extensão. Queria que os alunos tivessem contato com o papel, com o fazer jornalístico real e com o prazer de ver o próprio nome publicado”, afirmou.

A proposta inicial envolveu principalmente os alunos dos segundos anos, já que a disciplina de português contempla o estudo de gêneros jornalísticos nesse período. “Como eu já iria trabalhar notícia com as turmas, pensamos que seria o momento ideal para convidá-los a participar”, explica Simone Rodrigues, professora de Língua Portuguesa. Com o sucesso do lançamento, estudantes de outras séries passaram a procurar as docentes para integrar a edição.
A elaboração das pautas foi feita de forma colaborativa entre professores e estudantes. “Os próprios alunos sugeriram temas e, então, decidimos em conjunto o que entraria ou não. Tivemos sugestões que foram repensadas para garantir diversidade de fontes e equilíbrio na abordagem”, conta Carolina Bellocchio, professora de inglês. As editorias incluíram cultura, cotidiano, ciência e tecnologia, esportes e entrevistas.
Dentre os destaques da edição, estão matérias sobre projetos internos do colégio, como o sarau artístico-cultural, perfis de personagens da comunidade escolar, além de reportagens críticas sobre acessibilidade e a ausência de espaços adequados para aulas de educação física. “A ideia não era só divulgar as boas práticas, mas também dar voz às dificuldades enfrentadas pelos alunos no cotidiano escolar”, reforçou Juliana.
O impacto do projeto já pode ser reconhecido na comunidade. Segundo Juliana, professores de escolas públicas relataram o uso do jornal como material pedagógico em sala de aula, e ex-alunos que hoje atuam em cursinhos populares também receberam exemplares para distribuição. “Queríamos que o JOE não fosse só nosso, mas que servisse de inspiração e informação para estudantes que talvez queiram entrar no Cotuca e não conhecem a escola por dentro”, destacou a professora.
Com a segunda edição prevista para o final do segundo semestre, o grupo já recebe novas colaborações e trabalha para ampliar a diversidade de temas e vozes. “A prática do jornal trouxe uma nova perspectiva sobre o fazer comunicacional. Os alunos entenderam o que é uma resenha, um editorial, um perfil, tudo em contexto real de uso. E isso é transformador”, conclui Carolina.