Texto: Ana Ornelas | Fotos: Dário Crispim
Em uma era digital, marcada por uma comunicação mediada por telas e toques rápidos, o Museu Exploratório de Ciências, da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC) da Unicamp, aposta em uma iniciativa que conecta estudantes do Ensino Fundamental II (5° ao 9° ano) a pesquisadores da universidade por meio da troca de cartas manuscritas. A ação, chamada de Cartas Exploratórias de Ciências, busca promover o diálogo científico de forma criativa e acessível, aproximando o conhecimento acadêmico da comunidade escolar e estimulando a curiosidade dos jovens pela ciência.
Inspirado em um programa norte-americano, Letters to a Pre-Scientist, o projeto adapta a proposta para a realidade brasileira, em parceria com o Colégio Axis Mundi, nesta versão piloto. A dinâmica prevê rodadas de trocas de correspondências manuscritas com temas que vão desde interesses pessoais em ciência até carreira acadêmica, acesso ao ensino superior e diversidade na ciência. “Inicialmente, o aluno envia uma carta para um cientista não específico, contando quem é, suas curiosidades e o que gosta em ciência. A partir disso, nós fazemos a conexão com um pesquisador, e então começa a troca de experiências”, contou o coordenador adjunto do Museu, Guilherme Oliveira Barbosa.

Para tornar o projeto mais acessível, a estudante do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Daniela Cristina da Silva, desenvolveu um treinamento simples para ajudar os cientistas a adaptarem sua linguagem. “É o contraste entre escrever com jargões acadêmicos e depois se comunicar de forma que qualquer estudante consiga entender”, explicou.
“Em um mundo tão digitalizado, a carta tem um valor especial: é colocar a mão na massa, escrever do seu jeito, com as próprias ideias, e obrigar o cientista a se comunicar de forma clara e acessível”, completou Barbosa.
Ao longo do projeto, as cartas serão trocadas em três rodadas. A cada etapa, os estudantes receberão as correspondências em sala de aula, em um momento coletivo. A ideia é que a leitura das cartas se torne uma experiência de partilha. Para tornar a atividade ainda mais simbólica, foi criado um selo personalizado do projeto, que será colado em todas as cartas.

A expectativa é que o projeto sirva de base para a expansão do programa em outras escolas da região. “Na Unicamp, temos quase 40 mil cientistas. O potencial de impacto é enorme. Se o projeto ganhar força, podemos levar esse diálogo para toda a comunidade escolar da região metropolitana de Campinas”, ressaltou Barbosa. Para isso, pesquisadores interessados em participar podem se inscrever pelo formulário online.
Para o coordenador adjunto, o Museu tem uma posição única na Unicamp, justamente por ser um espaço de exploração científica. “Projetos como esse reforçam nosso papel de criar pontes entre a universidade e a sociedade”, completou.