Texto: Ana Ornelas | Fotos: Rafael Fonseca e Dário Crispim
Na próxima terça-feira, 5 de novembro, a Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC) da Unicamp promove mais uma edição do Fórum Permanente “Entre o passado e o futuro: a arte atual e a reelaboração da memória”. O encontro será realizado no Centro de Convenções da Unicamp, das 9h às 17h, com o objetivo de discutir como a arte contemporânea tem revisitado paradigmas e criado novos espaços de diálogo entre a universidade e a sociedade.
Organizado pelo professor Gabriel Zacarias, diretor do Museu de Artes Visuais (MAV), o fórum propõe uma reflexão sobre como os artistas e pesquisadores têm reconstruído a memória coletiva por meio da arte, num movimento que busca romper com os modelos tradicionais e propor novas formas de compreender o mundo. “Existe hoje um esforço grande de repensar os paradigmas enraizados e criar espaços de diálogo entre a universidade e o campo da arte que se desenvolve fora dela”, afirmou Zacarias.
Para a pró-reitora da ProEEC, Sylvia Furegatti, a iniciativa reforça o papel estratégico dos museus universitários na formação cidadã e na circulação do conhecimento. “O MAV tem um papel central não só para a pró-reitoria, mas para a universidade e o campo cultural: visitar museus precisa ser entendido como parte da formação pessoal e uma necessidade social”, afirmou. Ela destaca que o espaço museal “é um lugar plural, que pode abrigar cientistas, artistas e públicos diversos, preservando a memória, criticando o presente e projetando futuros”.
Segundo o professor, a arte contemporânea tem se mostrado um campo fértil para questionar estruturas estabelecidas, como paradigmas euro centrados. Ele destaca que, em contextos institucionais como o da universidade, esse processo ocorre de maneira mais lenta, mas vem ganhando força com a presença de artistas de povos indígenas e de outras matrizes culturais que tensionam o cânone ocidental. “Esses artistas trazem uma dimensão crítica que nos faz repensar as coleções, as curadorias e os próprios critérios de valorização da arte”, comentou.
Zacarias também aponta o avanço das discussões sobre arte decolonial, que buscam desconstruir visões eurocêntricas e resgatar outras formas de sensibilidade e produção simbólica. Para ele, a arte tem desempenhado um papel essencial na reelaboração da memória coletiva, oferecendo um espaço de reconstrução simbólica e emocional a partir das experiências históricas.“A arte é uma forma de reapropriação da memória, de contato com nossas raízes e de elaboração das feridas históricas”, completou o professor.
Além do debate sobre as perspectivas da arte contemporânea, o fórum também busca provocar uma reflexão sobre o futuro: quais percepções e critérios definem hoje o que é uma boa arte? Para Zacarias, mais do que seguir padrões estéticos fixos, é preciso desenvolver um olhar crítico e sensível às novas realidades e expressões culturais.
A mesa de abertura conta com Daiara Tukano, membro do Conselho Nacional de Cultura (CNPC/MINC) representando os povos indígenas, e Gustavo Caboco, artista visual indígena do povo Wapichana; a moderação será do prof. dr. Guilherme Stecca Marcom, do Museu Exploratório de Ciências (MCU) da Unicamp. A programação retoma às 10h45 com a mesa de Vera Nunes (Comitê Curatorial do Museu Afro Brasil) e Thiago de Paula Souza (cocurador da 36ª Bienal de São Paulo), com moderação da profa. Elena Brugioni (Literaturas Comparadas, Literaturas Africanas e Estudos Pós-coloniais/Unicamp).
Após o intervalo do almoço, às 14h tem início a mesa com Ana Pato (diretora técnica do Memorial da Resistência de São Paulo), Marcelo Campos (curador-chefe do Museu de Arte do Rio – MAR) e Paulo Miyada (diretor artístico do Instituto Tomie Ohtake), sob moderação do prof. dr. Rafael Augusto Urano de Carvalho Frajndlich (FECFAU/Unicamp). Por fim, das 16h às 18h haverá visitação à exposição “Nada como um dia depois de outro”, no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MAAC), sem transporte incluso.
O evento é gratuito e aberto ao público. As inscrições podem ser feitas pelo link.
