Texto: Ana Ornelas | Fotos: Divulgação e arquivos pessoais
A Unicamp recebe, no dia 26 de setembro, a 1ª Capoeira para Todos, evento que combina palestra e aula aberta com professores da Abadá-Capoeira (Associação Brasileira de Apoio e Desenvolvimento da Arte-Capoeira), fundada em 1988 pelo Mestre Camisa. Reconhecido internacionalmente e detentor do título de Doutor Honoris Causa, o Mestre estará presente ao lado do professor Canela em uma programação que busca aproximar a universidade da comunidade interna e externa por meio da valorização da capoeira como expressão cultural e esportiva. A iniciativa é da Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC)
Segundo o diretor de esportes da ProEEC, Renato Barroso, a ideia surgiu a partir da aproximação de um aluno da Faculdade de Educação Física (FEF) praticante de capoeira em uma escola conceituada. O encontro coincidiu com o desejo institucional de reconhecer a capoeira em toda a sua dimensão. “Esse evento busca transmitir uma mensagem de integração entre saberes acadêmicos e populares e de valorização do patrimônio cultural brasileiro, reafirmando o compromisso da Unicamp com a cultura, a extensão e a formação cidadã”, destacou.
Para Barroso, a capoeira é esporte, arte, música, história e tradição, o que permite um diálogo direto com os eixos centrais da universidade: ensino, pesquisa e extensão. No âmbito esportivo, promove saúde, disciplina e sociabilidade; como expressão cultural, resgata memórias, identidades e valores afro-brasileiros. Já no campo da extensão, abre portas para projetos de integração comunitária e formação cidadã.

Ele avalia que a presença dessa prática no ambiente acadêmico pode gerar frutos como novas parcerias, pesquisas interdisciplinares e programas de extensão. “A capoeira é reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e como patrimônio brasileiro pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), o que legitima sua presença nos espaços acadêmicos e reforça a missão da universidade de preservar e difundir saberes tradicionais”, relembrou.
A participação de Camisa e Canela reforça a dimensão cultural e histórica do evento. Canela se destaca pelo trabalho pedagógico e de difusão da arte. Em sua fala, ele lembrou a tradição dos apelidos, prática que relembra ao período da escravidão. “Na época da escravidão, muitos escravos disfarçavam a luta como se fosse dança, uma forma de lutar pela própria liberdade. Nesse processo, acabavam perdendo seus nomes e histórias, e os apelidos surgiram como uma marca de identidade. Até hoje mantemos essa tradição, escolhendo-os de acordo com a personalidade de cada pessoa”, explicou.
Com palestra marcada das 9h às 12h na FEF e uma aula aberta na Praça da Paz entre 14h e 17h, o evento é gratuito e aberto ao público.