Texto: Ana Ornelas | Fotos: Dário Crispim
“As universidades latino-americanas precisam conversar mais, porque enfrentamos problemas e soluções comuns.” A fala de Karina Eiraldi Hernández, coordenadora de Comunicação da Universidad de la República (Udelar), do Uruguai, resume o espírito da internacionalização que tem se consolidado como estratégia para aproximar a ciência e a cultura da sociedade. Nesse contexto, a Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC) da Unicamp fortaleceu esse processo em duas iniciativas recentes: a visita de Karina à universidade e a participação do jornalista da ProEEC, José Irani, no congresso da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e no Caribe (RedPOP), realizado no México.
A visita de Karina integrou o Programa ESCALA Gestores y Administradores da Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), que incentiva intercâmbios entre universidades latino-americanas. Durante três dias em Campinas, ela conheceu a estrutura de comunicação da Unicamp, visitou setores como a Secretaria Executiva de Comunicação (SEC) e participou de um bate-papo sobre comunicação universitária na Educorp.
Para ela, a experiência foi enriquecedora por mostrar a importância da colaboração entre universidades internacionais. “Aqui na Unicamp, percebi práticas muito profissionalizadas, como a área de relacionamento com a imprensa e a produção de clippings, que ainda não temos na Udelar. Também me chamou a atenção a divulgação científica de teses e dissertações, algo que devemos fortalecer no Uruguai”, destacou.
Além de observar as práticas locais, Karina compartilhou experiências de sua universidade, como a criação de uma rede de comunicação interna entre institutos e faculdades, e ressaltou a importância da internacionalização também para técnicos e funcionários. “Nós, profissionais da comunicação, também temos direito a participar de intercâmbios. É importante discutir o que fazemos, aprender e levar boas práticas para nossas instituições. Esse tipo de experiência é enriquecedora tanto profissional quanto pessoalmente”, afirmou.
Enquanto a ProEEC recebia a visita internacional, José Irani representava a Unicamp no congresso da RedPOP, que reuniu instituições de toda a América Latina para debater a divulgação da ciência. No evento, ele apresentou um trabalho sobre as práticas de comunicação desenvolvidas pela ProEEC e participou de uma oficina sobre jornalismo científico, área em que a universidade tem investido por meio de iniciativas de extensão e produção de conteúdo.
Segundo ele, a presença da Unicamp foi relevante diante de desafios contemporâneos, como a circulação de fake news e a necessidade de aproximar o público das pesquisas científicas. “Nos últimos anos, temos visto o questionamento da própria ciência, impulsionado pela desinformação em redes sociais e aplicativos de mensagens. O jornalismo científico ganha cada vez mais relevância para enfrentar esse cenário. Foi importante perceber que mais de 17 instituições latino-americanas apresentaram experiências nessa área, mostrando que é um movimento coletivo”, relatou.
O congresso também abordou temas como mudanças climáticas, descolonização de museus e inclusão de mulheres na ciência, reforçando o papel da comunicação universitária como estratégia de aproximação entre ciência e sociedade. Para Irani, a participação contribuiu para fortalecer iniciativas locais e inspirar novas práticas de divulgação.
As duas experiências revelam como a internacionalização da comunicação universitária pode gerar impactos diretos no fortalecimento das práticas locais. A expectativa é que iniciativas como essas se tornem cada vez mais frequentes, consolidando a comunicação como eixo estratégico da extensão e da cultura universitária.
