Fórum Permanente debate segurança e resistência do povo Ticuna na fronteira amazônica

Texto: Ana Ornelas | Foto: Divulgação

As fronteiras da Amazônia são territórios de encontro, onde diferentes culturas, interesses e políticas se cruzam diariamente. Para o povo Ticuna, esses desafios vão muito além da geografia: disputas territoriais, pressões econômicas, mudanças ambientais e conflitos que colocam em risco modos de vida tradicionais. É por isso que, no dia 27 de agosto, das 9h às 17h, no Centro de Convenções da Unicamp, será realizado o Fórum Permanente “Segurança, Política e Violência na Fronteira Amazônica: Os Ticuna face à Mudança”. 

Organizado pela professora Susana Durão, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), o evento convida a refletir sobre como segurança, governança e resistência se articulam na vivência cotidiana dos Ticuna, que habita a tríplice fronteira entre Brasil, Peru e Colômbia, discutindo estratégias de proteção e os impactos das transformações políticas e sociais em seus territórios. “Estamos propondo um olhar antropológico sobre segurança e política na região, entendendo como essas populações constroem estratégias de proteção diante das ameaças e mudanças em curso”, explicou.

Susana também coordena o Programa de Extensão Maguta, vinculado à Pró-reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC) da Unicamp, que busca fortalecer a colaboração entre universidade e povos indígenas por meio da pesquisa e da escuta ativa.

O evento convida a refletir sobre como segurança, governança e resistência se articulam na vivência cotidiana dos Ticuna.

Ela acrescenta que a proposta do fórum é criar um espaço de escuta e troca de saberes. “Queremos valorizar as vozes indígenas e compreender como os Ticuna elaboram suas próprias soluções para enfrentar a violência e proteger seus territórios”. 

O antropólogo João Pacheco de Oliveira, professor titular do Museu Nacional e convidado para ministrar a palestra inaugural, reforça essa perspectiva. Para ele, o seminário se diferencia por não reduzir a segurança a uma questão administrativa, executada pelo Estado ou tratada como objeto isolado de pesquisa. “A proposta é criar um fórum de debates que reúna pesquisadores, representantes da Funai e, sobretudo, indígenas, para que suas vozes e soluções possam ser ouvidas e consideradas”, explicou. 

Ele destaca que, no caso do Alto Solimões, a principal ameaça às comunidades Ticuna não vem do desmatamento ou da mineração, mas da própria condição de fronteira. “A ameaça fundamental é estar na área de fronteira e a relação muito forte com o contrabando e o narcotráfico. Isso aflige a vida dos indígenas, interfere fortemente nas suas comunidades e cria desavenças também entre eles”, alertou.

1° Fórum Internacional Indígena, realizado nos dias 23 a 16 de junho deste ano em Tabatinga.

A programação começa às 9h, com a abertura, seguida pela palestra inaugural “Modos de Regulação de Conflitos no Alto Solimões: História e Diferença”, ministrada por João Pacheco de Oliveira Filho (UFRJ/Museu Nacional), com moderação de Metana Tikuna (IB/Unicamp) e debate conduzido por José Maurício Arruti (IFCH/Unicamp). 

Às 11h, a mesa “Políticas Públicas e Defesa dos Povos Indígenas na Fronteira” contará com a participação de Mislene Metchacuna (vice-presidenta da Funai – Brasília), Josiane Otaviano Guilherme (Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi) e Benjamin Constant (Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi). O debate, às 12h, terá moderação de Gissely Pereira Lauriano (FCM/Unicamp) e a participação de Chantal Medaets (FE/Unicamp) como debatedora.

No período da tarde, às 14h, a programação retorna com a mesa “Modelos de Segurança Por, Para e De Indígenas de Fronteira: Comparações Brasil e Estados Unidos”, com Susana Durão (IFCH/Unicamp), Beatrice Jauregui (Universidade de Toronto) e Karine Mendes Carvalho (IEL). Às 15h10, acontece o debate moderado por Andrewz Mendes Carvalho (EE), com José Maurício Arruti (IFCH/Unicamp) como debatedor e cobertura midiática de Ailton Sampaio Ticuna. O encerramento está previsto para às 17h.

O evento é gratuito e aberto ao público. As inscrições devem ser feitas através do link

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