Alunos da Unicamp realizam atividade de extensão na preservação de patrimônio paulista

Texto e Fotos: Dário Mendes Crispim

Nesta última sexta-feira, 27 de setembro, alunos do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp (AU), Turma 024, e da graduação em História do Instituto Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), puderam participar de um projeto de extensão muito interessante e desafiador. Tratou-se de uma atividade na cidade de Mogi Mirim, que contou com o apoio da Coordenadoria de Extensão do IFCH para os custos de transporte, onde os estudantes puderam colaborar efetivamente com a preservação de elementos construtivos realizados por escravizados da Fazenda Bela Vista, na região, em meados do século XIX. As atividades foram realizadas em trechos do muro taipa de pilão remanescentes no perímetro do antigo cemitério da cidade.

Duas etapas nortearam os alunos: no período da manhã, visitação à sede do Museu de Arte de Mogi Mirim (MAMM) e, na sequência, chegada ao Cemitério Municipal para estudo e documentação dos trechos murários de taipa de pilão pelas 9 equipes. Um workshop sobre representação gráfica, análise das técnicas de manufatura e documentação fotográfica foi realizado. Já no período da tarde, houve ações de conservação preventiva nas estruturas murárias: limpeza mecânica, estudo e discussão das soluções a serem adotadas, aplicação de argamassas fluidas pozolânicas nas áreas de risco de queda (proposta já aprovada pelo Conselho de Patrimônio da cidade) e documentação gráfica e fotográfica de todas as etapas.

Museu de Arte de Mogi Mirim (MAMM) – Os idealizadores do museu, Valter José Polettini e Sidnei Cirilo de Oliveira, receberam os alunos e fizeram toda a apresentação, bem como uma explanação da história do MAMM aos visitantes da Unicamp. Contaram o início do museu e como, com recursos próprios, o sonho foi realizado. O casarão localizado na rua Dr. Ulhoa Cintra, 399, no centro de Mogi Mirim, abre as portas para a cultura. Foi assim que surgiu o MAMM, o Museu de Arte de Mogi Mirim.

“Desde 1995, faço parte do Centro de Documentação Histórica (Cedoc), e assim fui comprando obras de arte para um dia construir um museu. Em 2020, compramos esse prédio histórico de 1910, restauramos, ampliamos e hoje é o museu de arte de Mogi Mirim,” contou Polettini.

O MAMM oferece um panorama diversificado da produção artística regional e nacional. O acervo do museu é resultado de mais de 40 anos de colecionismo, abrangendo diversos estilos e correntes artísticas, como explica Sidnei Cirilo de Oliveira. “É interessante quando falamos de museu, e em nossa mente sempre vêm coisas velhas, coisas que não funcionam mais, etc. Explicamos aos alunos da Unicamp que existem várias ramificações de museus: museu de história natural, de antropologia, arte sacra; enfim, o nosso caso é o museu de arte,” explicou Cirilo. “Quando os alunos entram no museu, quebram o paradigma e veem coisas novas, modernas. Temos aqui um prédio tombado, povoando com obras de arte acadêmicas, contemporâneas, com as mais variadas artes, da egípcia à sacra,” finalizou.

Estavam presentes, nessa visita guiada ao museu, a professora Carmem Lúcia Bridi, que é uma das pesquisadoras e atual presidente do Centro de Documentação Histórica José Firmino de Araújo Cunha, o Cedoc de Mogi Mirim, onde se encontra o acervo histórico levantado por Carmem Lúcia. Também participou a arquiteta colaboradora Sandra Helena Bonatii, apreciadora e colaboradora do Museu.

Finalizando a atividade, todos os alunos puderam literalmente pôr a mão na massa. Com a orientação do professor Marcos Tognon, eles se dividiram em equipes e trabalharam no muro de taipa de pilão, realizando marcações, identificações e limpeza preventiva. Receberam ainda um auxílio técnico na aplicação de argamassa do mestre de restauro José Edson dos Santos.

De acordo com o professor Marcos Tognon, o saldo do dia foi muito positivo para os estudantes nessa atividade integral de preservação de um patrimônio relevante do século XIX, documentando e realizando ações de conservação preventiva, assim como para os cidadãos de Mogi Mirim, com o reconhecimento e valorização de seu patrimônio cultural tombado e reconhecido no Cemitério Municipal. “Foi muito oportuno para os estudantes vivenciarem, na prática, todos os desafios de uma ação efetiva de preservação, os limites das metodologias e, mesmo, a criatividade que é necessária para trabalhos de campo na área do patrimônio cultural,” afirmou o professor, que atua no campo do patrimônio edificado e arqueológico desde 1985.

A aluna Carolina Carozzo, que auxiliou o professor Tognon durante as atividades, percebeu o envolvimento dos estudantes e sua identificação com a ação. “A experiência em Mogi foi ótima! Foi muito legal ver o envolvimento dos alunos nas atividades; eles se empenharam bastante e acho que conseguiram aprender muitas coisas novas ao botar a mão na massa. Também foi bonito ver a preocupação da cidade em preservar o muro de taipa, poucos teriam a sensibilidade de proteger esse patrimônio hoje em dia,” comentou a discente.

Ainda durante as atividades, o Secretário de Cultura de Mogi Mirim, Luiz Henrique Dalbo, agradeceu a disposição dos alunos e o comprometimento da Unicamp, por meio do professor Marcos Tognon. “Estamos muito felizes de ter vocês aqui nos ajudando a preservar a história de Mogi Mirim. Essa parceria se torna muito importante no desenvolvimento cultural da nossa cidade, onde aprendemos muito com vocês sobre preservação de patrimônio. Mogi Mirim agradece,” finalizou o secretário.

Por fim, tal atividade dos estudantes, acompanhados pela comunidade, desempenha um papel crucial na construção de pontes entre a academia e a sociedade, promovendo a troca de conhecimento, a inclusão social e o desenvolvimento humano. É uma manifestação tangível do compromisso das instituições de ensino superior com o bem-estar coletivo e o progresso sustentável, e um testemunho do poder transformador da educação quando aplicada em prol do bem comum.

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